quinta-feira, 3 de agosto de 2017

4. A Menina e a Formiga Operária

- Você nunca tem vontade de fazer outra coisa? – perguntou a Menina a Formiga Operária.
- Não, nunca. – respondeu sem parar seu árduo trabalho de carregar folhas gigantes até o formigueiro – Por quê? Eu deveria?
- Não sei... Suponho que sim. Eu tenho vontade de tantas coisas... – respondeu a Menina, francamente.
- Isso acontece porque você vê o mundo do seu ponto de vista, Menina. Os humanos são cheios de vontades contraditórias. Nós, formigas operárias, não temos dúvidas: cumprimos com nosso dever de formigas.
- Sem descanso?
- Sem descanso.
- Mas por que tanto trabalho?
- Você teria coragem de pisar em um formigueiro?
- Não... – respondeu a Menina, sem entender muito bem.
- Consegue imaginar uma praça ou um parque sem formigas?
- Não.
- Ficaria tranquila se soubesse que sua casa foi tomada por formigas?
- Não!
- Viu? Percebe a dimensão do nosso poder? Poder das formigas, nosso poder. Nós, que somos tão pequeninas.
- Então vocês trabalham para ter poder?
- Não, Menina, trabalhamos porque é com o trabalho que construímos nossa existência, é com trabalho que persistimos no tempo. Com nosso esforço e suor enfrentamos a vida, e vencemos.
- Sem nunca descansar?
- Sem nunca descansar.
- Entendo completamente. – finalizou a Menina, com seriedade. – Desculpe tomar o seu tempo. Você deve mesmo ter muito o que fazer.
A formiga operária sorriu e rapidamente entrou no formigueiro, sem se despedir, carregando sua folha gigante em seu interminável trabalho de formiga.
Depois daquela conversa, a Menina ficou inquieta. Andou de um lado para o outro a manhã inteirinha, com uma pergunta lhe martelando a cabeça, insistentemente:
“Quando dormem, com o que sonham as formigas?” 

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