segunda-feira, 31 de agosto de 2015

25. A Menina e o Mundo

- Mas é que eu ando muito preocupada com você... – disse a Menina para o Mundo, sinceramente aflita.
- Eu sei. Eu consigo perceber. Tenho observado suas andanças Menina. E sinceramente, preciso lhe pedir desculpas.
- Por que? – perguntou a Menina, sem entender.
- Para você sobram apenas lições duras, aprendizados feitos de espinho em meio a selva triste. É assim que estou, Menina. – disse o Mundo, com pesar. – Cheio de brutalidade e ódio. Me desculpe por tanta violência em cima de você, ainda tão jovem.
- É verdade. Muitas vezes fico machucada com as conversas e acontecimentos que tenho com as coisas que te habitam, Mundo. Mas mesmo assim, você não me deve desculpas. – respondeu a Menina, acolhedora. – Nós te fazemos todos os dias, Mundo. E se hoje todas as coisas são tão cheias de violência, é porque ainda não aprendemos a te fazer direito.
- Mais uma lição dura para você, Menina. E eu não posso mentir: muitas outras virão. Sempre em tuas caminhadas te sobrarão pedras e ervas daninhas. – respondeu o Mundo, com tristeza.
- Sim, você tem razão. E eu sei que ainda vou me machucar outras vezes nos passos do meu caminho. Mas Mundo, as coisas não são feitas só de dor e tristeza. Às vezes, em alguns momentos, sobram também alegrias, gestos de amizade, jeitos de amar. Nem só de ódio são feitas as coisas da existência, Mundo.
- É tão bom ouvir isso... – respondeu o Mundo, cheio de afeto. – Gratidão por essa conversa, Menina. É bom que você possa cultivar, nos cantos e frestas desse Mundo caduco, alguma poesia e afeto. Isso faz desse Mundo triste um pouco mais feliz. Hoje é você que me ensina uma lição.
- Eu que sigo, Mundo, aprendendo na minha caminhada. – respondeu a Menina, também afetuosa.
E sorriram, a Menina e o Mundo, e em silêncio ficaram, pensando em toda existência que seguia, atribulada em seu árduo trabalho de existir. Depois, se despediram.
A Menina seguiu seu caminho, colhendo conversas com as coisas da existência.
“Adeus!”, pensou o Mundo. Enquanto observava de longe a Menina em sua caminhada.
[assim terminam os contos das Conversas da Menina com o Mundo]


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