- Mas você
não se cansa de parecer tão frágil? – perguntou a Menina, delicadamente.
- E isso é
um problema? – retrucou a Rosa Vermelha, gentilmente.
- Não sei
dizer ao certo... Mas me parece perigoso ser tão frágil.
- Isso porque
vivemos em um tempo de brutalidades, Menina. Por isso a delicadeza parece um
defeito. Mas é justamente o contrário: a fragilidade é fruto de muito trabalho.
- Mas
qualquer pessoa pode desmanchar suas pétalas com o menor descuido...
- É verdade.
Contra violência não a diálogo possível, senão a violência. Por isso nós, rosas
vermelhas, temos nossos espinhos.
- Para furar
dedos violentos?
- Para nos
proteger, e garantir o espaço que precisamos para desenvolver nossa
fragilidade. É com ela nós, rosas vermelhas, acolhemos as pequenas coisas do
mundo, suspiros, olhares, intenções, e por isso podemos ser um símbolo-gesto do
amor. É nossa fragilidade que nos permite perceber os outros seres delicados,
as outras existências frágeis que fazem a vida, e por isso podemos ser um
símbolo-gesto de uma revolução.
- Tudo a
partir da fragilidade?
- Tudo a
partir da fragilidade. Quando alcançamos o máximo da nossa delicadeza é quando
realizamos o máximo da nossa potência! Esse é o momento em que nós, rosas
vermelhas, exalamos o máximo do nosso perfume.
- Você é
mesmo muito linda... – respondeu a Menina, com admiração. – E infinitamente
forte na sua fragilidade. Gratidão por isso.
E se
despediram, a Menina e a Rosa Vermelha.
Naquela
noite, a Menina fez uma lista no seu caderno, com todas as suas fragilidades.
Era uma lista grande. Depois, foi dormir. Morrendo de orgulho de si mesma e de
todas as suas delicadezas.
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